3 de abril de 2016

Candice, como um vulcão

Jack empurrou a pesada porta de madeira com força, fazendo-a ranger sob seu ato. Apesar do furacão em forma de mutante que entrava em sua sala, Chace não se moveu um único centímetro. Continuava sentado, os cotovelos apoiados sobre a mesa, o queixo pousado gentilmente sobre os punhos fechados enquanto os lindos olhos azuis examinavam um longo relatório sobre a ultima missão.
Respirou fundo, considerando invadir a mente do homem a sua frente. Estava sem paciência, já tinha muitos problemas para lidar sem os chiliques do docente de tortura e métodos de persuasão. Ainda sim, com uma calma muito fingida, levantou os olhos e encarou o moreno. – Hm? – E não preciso esperar muito. Jack estava vermelho de raiva, o corpo levemente suado e os cabelos negros totalmente bagunçados. Havia bolsas levemente roxas sob seus olhos, marcas do cansaço.
O docente colocou as mãos sobre as mesas e se inclinou para frente. – Você precisa para-la imediatamente, Chace. – Murmurou. O vampiro mordeu o lábio inferior lentamente, se controlando para não colocar Jack para fora aos gritos. – Pelo que acabei de ler, ela salvou sua vida duas vezes... – Sussurrou, encostando-se a cadeira. – Duas vezes... APENAS na semana passada. – Adicionou com certa ironia, sabendo que isso iria mexer com os nervos do rapaz. E estava certo. Jack explodiu numa fúria levemente contida, socando a mesa de carvalho escuro. – ELA ESTÁ ENLOQUECENDO ELES!! ISSO É DESHUMANO, CONTROLE-A! – Gritou e Chace não suportava que qualquer ser, principalmente inferior a sua posição, gritasse com ele.
Levantou-se, apoiando as duas mãos fechadas em punho na mesa e se inclinou frente. – Ela, ao contrario de você, está fazendo um bom trabalho. – Rosnou, endireitando a coluna antes de se afastar da mesa a passos lentos. – Ela tem que obter informações, precisa saber o que eles tem planejado, é o único meio que nós temos para proteger aqueles que vivem conosco e você sabe muito bem disso. – Murmurou enquanto caminhava para o bar de madeira ao fundo da sala.
Cansado e vencido, Jack se sentou na cadeira confortavelmente estofada, afundando-se nela. – Ela os tortura a exaustão, Chace. Faz coisas com eles... Coisas que não posso descrever e quando finalmente acha que conseguiu tirar tudo deles, os deixa completamente loucos. Muitos ali nunca mais vão ser capazes de dizer uma única frase que faça sentido, duvido muito que sequer ainda saibam com certeza quem são. – Argumentou, passando as mãos pelos cabelos negros.
Ele sabia disso, sabia de tudo isso. Mas também sabia de coisas que Jack não era nem capaz de sonhar. Chace se serviu lentamente de uma dose de Whiskey enquanto olhava Jack que era, definitivamente, uma mera sombra do que costumava ser. – Eu sei, meu amigo, eu sei. Mas é exatamente por isso que mantenho ela ali. Precisamos das informações e principalmente, precisamos garantir que eles não voltem ao normal. Eles são monstros, merecem tudo que acontecer com eles, sabe disso. Você quase não sobreviveu a eles. – Acrescentou a ultima frase com cuidado.
Pensou, ao ter ouvido o suspiro longo de Jack que tinha ganho. Viu o rapaz de levantar e caminhar até a porta com passos vagarosos, enquanto estralava os dedos. A verdade é que aquilo era só uma pausa, e não o final. Jack abriu a porta e se virou para encarar Chace. – Você precisa controlar ela. Se um dia ela surtar, estaremos todos mortos, na melhor das hipóteses. – Murmurou e saiu.

Chace se sentou no banco, encarando a bebida em seu copo por um longo momento, até que não pudesse mais ouvir os passos do outro mutante e soubesse, pelo faro avançado, que ele estava bem longe. – Ela não pode ser controlada. Candice, ou Charlie, tanto faz... Ela é uma força da natureza. Não pode ser controlada, não pode ser parada. Mas pode ser influenciada e eu preciso de um jeito de estar perto dela, ela precisa me ver como um herói, ou um vilão... – Sussurrou, tomando em goles rápidos o whiskey, que lhe queimou a garganta agradavelmente. Em passos rápidos, o vampiro saiu da sala em busca daquela dos olhos multicolores. Chace tinha um plano e precisava coloca-lo em ação logo, afinal: Não se pode controlar as forças da natureza, mas pode-se tirar proveito delas.