Jack empurrou a pesada
porta de madeira com força, fazendo-a ranger sob seu ato. Apesar do furacão em
forma de mutante que entrava em sua sala, Chace não se moveu um único centímetro.
Continuava sentado, os cotovelos apoiados sobre a mesa, o queixo pousado
gentilmente sobre os punhos fechados enquanto os lindos olhos azuis examinavam
um longo relatório sobre a ultima missão.
Respirou fundo,
considerando invadir a mente do homem a sua frente. Estava sem paciência, já tinha
muitos problemas para lidar sem os chiliques do docente de tortura e métodos de
persuasão. Ainda sim, com uma calma muito fingida, levantou os olhos e encarou
o moreno. – Hm? – E não preciso esperar muito. Jack estava vermelho de raiva, o
corpo levemente suado e os cabelos negros totalmente bagunçados. Havia bolsas
levemente roxas sob seus olhos, marcas do cansaço.
O docente colocou as mãos
sobre as mesas e se inclinou para frente. – Você precisa para-la imediatamente,
Chace. – Murmurou. O vampiro mordeu o lábio inferior lentamente, se controlando
para não colocar Jack para fora aos gritos. – Pelo que acabei de ler, ela
salvou sua vida duas vezes... – Sussurrou, encostando-se a cadeira. – Duas vezes...
APENAS na semana passada. – Adicionou com certa ironia, sabendo que isso iria
mexer com os nervos do rapaz. E estava certo. Jack explodiu numa fúria levemente
contida, socando a mesa de carvalho escuro. – ELA ESTÁ ENLOQUECENDO ELES!! ISSO
É DESHUMANO, CONTROLE-A! – Gritou e Chace não suportava que qualquer ser,
principalmente inferior a sua posição, gritasse com ele.
Levantou-se, apoiando as
duas mãos fechadas em punho na mesa e se inclinou frente. – Ela, ao contrario
de você, está fazendo um bom trabalho. – Rosnou, endireitando a coluna antes de
se afastar da mesa a passos lentos. – Ela tem que obter informações, precisa
saber o que eles tem planejado, é o único meio que nós temos para proteger aqueles
que vivem conosco e você sabe muito bem disso. – Murmurou enquanto caminhava
para o bar de madeira ao fundo da sala.
Cansado e vencido, Jack se
sentou na cadeira confortavelmente estofada, afundando-se nela. – Ela os
tortura a exaustão, Chace. Faz coisas com eles... Coisas que não posso
descrever e quando finalmente acha que conseguiu tirar tudo deles, os deixa completamente
loucos. Muitos ali nunca mais vão ser capazes de dizer uma única frase que faça
sentido, duvido muito que sequer ainda saibam com certeza quem são. –
Argumentou, passando as mãos pelos cabelos negros.
Ele sabia disso, sabia de
tudo isso. Mas também sabia de coisas que Jack não era nem capaz de sonhar.
Chace se serviu lentamente de uma dose de Whiskey enquanto olhava Jack que era,
definitivamente, uma mera sombra do que costumava ser. – Eu sei, meu amigo, eu
sei. Mas é exatamente por isso que mantenho ela ali. Precisamos das informações
e principalmente, precisamos garantir que eles não voltem ao normal. Eles são
monstros, merecem tudo que acontecer com eles, sabe disso. Você quase não
sobreviveu a eles. – Acrescentou a ultima frase com cuidado.
Pensou, ao ter ouvido o
suspiro longo de Jack que tinha ganho. Viu o rapaz de levantar e caminhar até a
porta com passos vagarosos, enquanto estralava os dedos. A verdade é que aquilo
era só uma pausa, e não o final. Jack abriu a porta e se virou para encarar
Chace. – Você precisa controlar ela. Se um dia ela surtar, estaremos todos
mortos, na melhor das hipóteses. – Murmurou e saiu.
Chace se sentou no banco,
encarando a bebida em seu copo por um longo momento, até que não pudesse mais
ouvir os passos do outro mutante e soubesse, pelo faro avançado, que ele estava
bem longe. – Ela não pode ser controlada. Candice, ou Charlie, tanto faz... Ela
é uma força da natureza. Não pode ser controlada, não pode ser parada. Mas pode
ser influenciada e eu preciso de um jeito de estar perto dela, ela precisa me
ver como um herói, ou um vilão... – Sussurrou, tomando em goles rápidos o
whiskey, que lhe queimou a garganta agradavelmente. Em passos rápidos, o
vampiro saiu da sala em busca daquela dos olhos multicolores. Chace tinha um
plano e precisava coloca-lo em ação logo, afinal: Não se pode controlar as
forças da natureza, mas pode-se tirar proveito delas.