25 de novembro de 2011

Ah, aqueles tempo que se foram rápidos demais para que eu pudesse aproveitá-los por completo. Passei tantos momentos me preocupando com o futuro, que me esqueci do presente e agora o passado volta como um lento filme, mostrando tudo que poderia ser sido. Talvez se eu tivesse dito aquelas coisas, abraçado aquela pessoa, talvez se não tivesse brigado com aquela menina, se tivesse entrando na bagunça uma única vez. Talvez se eu tivesse me apaixonado por aquela pessoa e rido da piada mais boba. Hoje são só lembranças, um passado cheio de ''talvez'' que não irá voltar. A grama na qual eu deveria ter me deitado, a terra com a qual eu deveria ter me sujado, as nuvens do céu azul que eu deveria ter olhado. 


Suas palavras nos trouxeram até aqui, afundando-nos em sua rede tão perfeita e imacunada. Os pensamentos, toques, beijos suaves e carinhosos. A forma como seu corpo atravessará a noite, leve como uma pluma, encantador como uma bailarina, doce como o céu. E seus olhos pareciam sempre tão serenos e felizes, mas era justamente o inverso. As palavras deslizavam devagar por seus lábios vermelhos, fáceis como que não existisse o mundo fora daquilo. E quando minhas mãos tocavam seus cabelos, o desejo consumia cada pequena parte de meu coração. Mas suas atitudes, as escolhas, os momentos. Tudo nos arrastaram devagar até aqui, nos sufocaram... E a ultima lembrança que tenho de ti, ah, a ultima lembrança. Seu corpo em chamas, o fogo eterno de um amor esquecido.


O vento bate na minha porta e me engana ainda mais. As lembranças trazem dores incapazes de serem curadas. Vozes por todo o lado e eu só queria estar com você, mas não estou. Acho que enlouqueci quando você sumiu daqui e eu ainda tento entender, fazer com que tudo fique bem. Estou presa no pesadelo da solidão e os muros além daquele portão escondem a vida que jamais voltará. As vozes felizes lá fora, os fantasmas lutando para irem embora e de novo, eu fingo estar tudo bem. Nada sinto, nada vejo e nesse campo de inocentes, faço um desejo. "Doce anjo, a noite lhe trouxe e o sol lhe levou, mas volte, doce anjo, e acabe com minha dor. "


24 de novembro de 2011

Tentativa

Ela caminhava como se aquilo fosse salvar sua vida, os sapatos afundaram na grama, o corpo estava molhado pela chuva. Impiedoso, o vento passou por seu rosto, revelando as lágrimas de um sorriso vazio. As vozes pareciam lhe atormentar, pareciam que nunca iriam sair de dentro de sua cabeça e seu coração estava doendo como jamais seria capaz de entender. Cada pequena parte de sua alma havia se desfeito em pedaços cortantes de algo muito maior, algo que ninguém é capaz de ver ou entender. Sua mão esticou-se, tocando o nada que havia em sua frente e de repente, aquilo forá tudo que restará, somente o vazio de uma existência sem amor... Mas deixe, deixe bater um pouco de sol dentro de ti, deixe que as flores nasçam lentamente, porque sim, todo jardim precisa de chuva... Mas se a chuva for eterna, tudo se inundará, as esperanças, os sonhos e planos... Se afogando.