Quando ela bateu a porta eu
vi meu mundo desabar. Abracei, impotente, o travesseiro que ainda tinha seu
doce aroma, onde, horas antes, ela estava deitada, alinhada aos meus braços.
Senti meu coração se
desfazendo e me arrependi de tudo que não fiz ao seu lado. Arrependi-me de
todas as vezes que não declarei o quão forte é o amor que sinto por ela, me
arrependi de todas as rosas azuis que não tive tempo de lhe dar. De todos os
bolos azuis que não lhe dei, de todos os beijos azuis que fiquei devendo. Arrependi-me
por azul nunca ter sido uma das minhas cores preferidas, até agora.
As palavras dela ficaram
marcadas a ferro e brasa em minha alma, mas eu nunca admitirei. Nada vai mudar
entre nós, irei sorrir como sempre fiz e fingir que tudo está bem. E a cada
momento, como neste, em que estiver longe dela, iria abraçar algo que tenha seu
cheiro e chorar, até adormecer, de saudade.
Perde-la me trás um
sentimento que eu nunca achei que estaria pronto a sentir. Sabia que iria
acontecer, não nego. Mas achei que iria demorar, achei que poderia adiar ao
maximo e entre tanto, aconteceu justamente quando pensei que estava tudo
perfeito entre nós.
E agora as flores brancas
que comprei, aquelas flores que estão emersas em águas azuis e que começam a se
colorir, iram murchar e morrer, como minha felicidade. Agora tudo que é azul se
tornou uma dolorosa lembrança de sua partida, uma dolorosa lembrança da minha
solidão.
Ainda me pergunto o que eu
fiz de errado, porque algo devo ter feito. Mas nunca vou admitir e nunca vou
permitir que ela veja uma única lagrima que me afoga diariamente. E mesmo
quando as lagrimas estejam cortando meu coração, eu estarei sorrindo, porque
ver o seu sorriso é a única coisa pela qual ainda viverei.
Sentirei sua falta a cada
segundo. Falta do seu corpo pequeno sendo envolvido por meus braços, falta de
seus doces lábios junto aos meus, da sua respiração lenta em meu colo enquanto
dorme, na forma como sorri quando diz que sou bobo, na forma como tenta se
concentrar no que digo mesmo quando está extremamente sonolenta.
Nunca admitirei, mas eu te
amei, desde o primeiro momento. Mantive-me longe pelo mesmo motivo pelo qual
agora tu me mantiveste afastado. Nunca admitirei, mas chorei hoje e daqui para
frente, chorarei em cada noite. Nunca admitirei, mas meu sentimento sempre teve
nome, embora jamais explicação.
Nunca admitirei, mas sem
você, nada jamais será azul, roxo ou vermelho novamente. Estou imerso em
infinitos tons de cinza.
(http://letras.mus.br/kerli/1219362/traducao.html)