16 de fevereiro de 2015

I'm not bulletproof!

Quando ela bateu a porta eu vi meu mundo desabar. Abracei, impotente, o travesseiro que ainda tinha seu doce aroma, onde, horas antes, ela estava deitada, alinhada aos meus braços.
Senti meu coração se desfazendo e me arrependi de tudo que não fiz ao seu lado. Arrependi-me de todas as vezes que não declarei o quão forte é o amor que sinto por ela, me arrependi de todas as rosas azuis que não tive tempo de lhe dar. De todos os bolos azuis que não lhe dei, de todos os beijos azuis que fiquei devendo. Arrependi-me por azul nunca ter sido uma das minhas cores preferidas, até agora.
As palavras dela ficaram marcadas a ferro e brasa em minha alma, mas eu nunca admitirei. Nada vai mudar entre nós, irei sorrir como sempre fiz e fingir que tudo está bem. E a cada momento, como neste, em que estiver longe dela, iria abraçar algo que tenha seu cheiro e chorar, até adormecer, de saudade.
Perde-la me trás um sentimento que eu nunca achei que estaria pronto a sentir. Sabia que iria acontecer, não nego. Mas achei que iria demorar, achei que poderia adiar ao maximo e entre tanto, aconteceu justamente quando pensei que estava tudo perfeito entre nós.
E agora as flores brancas que comprei, aquelas flores que estão emersas em águas azuis e que começam a se colorir, iram murchar e morrer, como minha felicidade. Agora tudo que é azul se tornou uma dolorosa lembrança de sua partida, uma dolorosa lembrança da minha solidão.
Ainda me pergunto o que eu fiz de errado, porque algo devo ter feito. Mas nunca vou admitir e nunca vou permitir que ela veja uma única lagrima que me afoga diariamente. E mesmo quando as lagrimas estejam cortando meu coração, eu estarei sorrindo, porque ver o seu sorriso é a única coisa pela qual ainda viverei.
Sentirei sua falta a cada segundo. Falta do seu corpo pequeno sendo envolvido por meus braços, falta de seus doces lábios junto aos meus, da sua respiração lenta em meu colo enquanto dorme, na forma como sorri quando diz que sou bobo, na forma como tenta se concentrar no que digo mesmo quando está extremamente sonolenta.
Nunca admitirei, mas eu te amei, desde o primeiro momento. Mantive-me longe pelo mesmo motivo pelo qual agora tu me mantiveste afastado. Nunca admitirei, mas chorei hoje e daqui para frente, chorarei em cada noite. Nunca admitirei, mas meu sentimento sempre teve nome, embora jamais explicação.
Nunca admitirei, mas sem você, nada jamais será azul, roxo ou vermelho novamente. Estou imerso em infinitos tons de cinza. 
(http://letras.mus.br/kerli/1219362/traducao.html)




13 de fevereiro de 2015

All about us

Suas palavras ficam se repetindo na minha mente. Cada uma dela, me enlouquecendo, me obrigando a viver quando meu único desejo é partir daqui.
Mas você entende e isso me irrita. Você entende todos meus dramas, entende quando me jogo no chão e fico, imóvel, por horas. Entendo meus surtos de hiperatividade, entende quando preciso me afastar e entendo quando te abraço por horas a fio, alinhando nossos corpos, ouvindo seu coração, sentindo o cheiro suave de sua pele.
Nesse momento, eu estou perdida. Divida entre duas partes importantes e contrarias de mim mesma. Preciso da solidão, porque tenho medo de te machucar. Preciso da companhia, porque sem você tem sempre algo faltando, sempre estou incompleta.
Seu jeito, suas manias, seu sorriso raro, suas brincadeiras bobas, o jeito que me envolve com os braços e faz com que eu sinta que o mundo todo pertence a nós. Tudo isso me conquistou, tão rápido que eu nem pude me dar conta. Passei anos construindo barreiras, anos lutando contra todos os meus sentimentos, mas agora estão todos aqui, completamente aparentes e eu me sinto nua.
Tudo que eu queria fazer era fugir, ficar num lugar onde nada disso poderia nos atingir ou machucar, mas nós somos livres, não pertencemos um ao outro e isso machuca. Mas sei que machucaria se nos prendêssemos também. Privações machucam.
No fim, é só isso. Eu sou só uma pequena garota, alinhada junto ao muro enquanto a chuva gélida despenca do céu cinza contra meu corpo quente. Só uma garotinha, com grandes sentimentos confusos, com um grande amor com o qual não sei lidar.  
Perdi a cabeça, talvez eu tenha passado dos limites. Mas não acredite no que eles dizem, apenas me escute. Feche os olhos, me dê as mãos e venha comigo para as flores, porque embora eu possa ter perdido meu caminho, todos os caminhos me levam até você. E eu estarei sempre aqui, no jardim, entre as flores.



The queen.

Lá estava a rainha, sentada em seu trono. Olhava, desconfortavelmente, para o trono vazio ao seu lado, suspirando por diversas vezes.
Seu rosto era um misto incomum de tristeza e compreensão, suas mãos estavam postas delicadamente sobre os joelhos, os dedos roçando o fio dourado que formava desenhos no tecido carmim de suas vestes, tais quais contrastavam e ao mesmo tempo combinavam tão bem com seus cabelos dourados, que lhe caiam em suave cascata sobre os ombros.
Feita de ouro e sangue, era assim que muitos lhe descreviam. Alguns diziam, ainda, que aqueles benevolentes olhos azuis-acinzentados poderiam esconder o poder mais mortal de todo o reino.
Rompendo a paz da sala, a princesa empurrou as portas pesadas e entrou em passos rápidos. Ah, como era linda a princesa. Herdará os mesmo cabelos dourados se sua mãe, mas tinha os olhos verdes e afiados do pai, como se estivesse sempre escondendo um punhal entre as camadas de tecido de seu corset. E eu não duvidaria se estivesse...
A rainha permaneceu imóvel enquanto a princesa se aproximava. Encarava sua filha com calma assustadora mesmo quando a garota se sentou aos pés da mãe, no degrau mais alto, próximo ao trono.
Sem rodeios, a garota fitou a mais velha e indagou. – Por que deixa que o papai faça isso? – Parecia mais do que furiosa, estava indignada.
- Ela é uma guerreira, minha filha. Eu sempre fui uma rainha. – Murmurou, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Por um longo momento, a princesa pareceu refletir sobre aquela frase, correndo os dedos pálidos pelos desenhos decorativos do trono do pai. Por fim, não chegou a conclusão que fosse satisfatória e voltou-se novamente para mãe.
- Exato. Você é uma rainha, deveria fazer algo, tira-la do caminho... – a princesa parecia tão irritada com a ideia que, secretamente, a rainha temia a vida da dita guerreira.
- Ah, minha menina... – Sussurrou, se inclinando para frente e passando os dedos entre os fios do cabelo de sua filha. Conforme a luz do sol banhava os mesmo, eles reluziam como o ouro da coroa que a rainha usava. – A realeza e o poder me são naturais, assim como são naturais a ela a espada e o escudo. Mas ela é apenas uma criança com espírito rebelde, que deve fazer o que a guerra faz de melhor. Dobrar os derrotados a vontade dos vencedores. –
Nesse momento, a rainha se levantou e desceu lentamente os degraus de mármore. Parou na base dos mesmos, colocando as mãos na cintura e voltando-se a vida. – Algumas guerras são ganhas com espadas, outras com penas, favores e sorrisos. Mas independe de como é feito, há apenas uma verdade. Reinos são destruídos, reis são mortos, mas rainhas não. Rainhas são eternas, porque mantém a realeza. – Murmurou, exibindo o sorriso mais doce que tinha, tal qual iluminava sua bela face.