15 de junho de 2013

Não existe ninguém...




Ah, gosh. Até quando isso vai continuar? Até quando vou ter saúde mental para manter as coisas dessa forma? Eu nunca vou me cansar de mentir para tantas pessoas? Eles nunca vão descobrir e me deixar por isso? Não iriei perde-los, sei que não vou contar a verdade e que a mentira vai me corroer a alma lentamente, até que nada sobre e eu sei que vou pagar por cada palavra falsa, mas não consigo parar. Se eu dizer que tudo aquilo é mentira, onde ele vai? Meus sentimentos são reais, minha dor é real, minha angustia me afoga todas as noites, mas ele não iria acreditar depois de tudo que falei, depois de todas as coisas sobre as quais menti. "Sou doente", eu disse, apenas para ter uma desculpa para quando eu deletar tudo que  mantém uma ligação entre nós e fugir com outra pessoa, pessoa essa que eu nem sei se realmente amo. Maldito coração! E quando as mentiras de tornarem verdades? Sei do que faço, sei que vou pagar, sei que uma hora vou começar a acreditar nas falsas promessas que eu fiz, mas ainda sim, não consigo parar.. E quando a dor me consome, quando as lágrimas explodem em meu rosto, quando meu coração sangra.. Eu estou sozinha. Não a mulher forte, não a garota sexy, não a adolescente com problemas. A criança, a pequena criança está sozinha, a criança que queria ser bailarina, que queria ser princesa, que queria ser Lolita. A pequena criança gordinha, que odeia seu corpo, mas nunca nega um doce. A garotinha dos olhos doceis e sorriso fácil, ela está sozinha, em baixo da coberta. Quando eu me deite e apago a luz, tudo que eu sou e tudo que eu fingo ser aparece e eu não gosto do que vejo, mas me envolvi a tal ponto que é como se estivesse presa numa teia. Não existe ninguém que possa ver além das minhas palavras, ninguém que enxergue além do meu decote, ninguém que note as lágrimas conditas, não existe quem veja quando fico vermelha de vergonha, quem veja os detalhes pequenos que as vezes ainda se mostram. Não existe quem note a trança, o sorriso de criança, a esperança do arco-iris depois da chuva... Não há quem vá me puxar daqui e me levar para onde eu sempre quis estar. E eu tento, mas sozinha não vou conseguir e eu estou sozinha. Longe de tudo, posso ser quem eu sempre quis. Posso colocar minha anágua, sentar na grama e olhar o reflexo do sol sobre a água do lago, posso ouvir o silencio e sentir meus pensamentos, mas... Eu nunca estou sozinha, sempre tenho que dizer algo ou inventar uma historia nova. E quando, nos raros momentos em que assumo minha tristeza, permito que o sorriso suma do meu rosto, as pessoas dizem não entender porque estou triste. ''Todos a sua volta estão sempre rindo, Ayumi. Você está sempre sorrindo!". Estou, estou sempre sorrindo e rindo, assim ninguém vai notar o buraco na minha alma, não vai notar o negro do meu coração. Sou sozinha mesmo quando estou no meio de mil pessoas e eu queria só ter o poder de sair um dia, sozinha e me enfiar no lugar mais calmo que conheço e ficar lá, apenas eu e meus sentimentos confusos, minhas historias falsas, meus sorrisos vazios. Porque eu sou sempre sozinha, porque não há ninguém que não minta pra mim e para quem eu não tenha mentindo. Porque não existe motivo e não existe motivação, não existe sonho e nem luz, só existe a dor e a certeza de que vou pagar por cada palavra, que vou sofrer por cada historia e que mesmo assim o sofrimento não será tão grande quanto o que sinto agora, porque sou incapaz. Sou incapaz de tudo. Me sinto tão triste, tão sozinha e já pensei em mil formas de acabar com tanta dor, mas até nisso eu fui um completo fracasso e agora meu coração dói como se eu fosse doente... Doente como uma vez eu te contei, contei a você, 'de quem eu não sei cuidar'. E eu sei que você nunca vai me perdoar e mesmo que perdoe, eu nunca serei capaz de fazer isso por mim mesma. Não sou capaz de mudar, não sou capaz de colocar um fim nisso, não sou capaz de me perdoar. Eu sou um fracasso, porque sozinha, eu não consigo mais...