10 de novembro de 2014

Sorry, I'm late.

Hoje eu notei, assustadoramente pela primeira vez, o quanto o tempo passa rápido e o quanto as pessoas simplesmente perdem coisas maravilhosas porque estão com presa demais para olhar ao seu redor.
Quando o sinal bateu e todos os meus amigos correram para fora da sala, eu me perguntei porque. Afinal, eles apenas iriam voltar para a segurança de suas casas. Casas essas que continuariam no mesmo lugar caso eles levassem um ou dois minutos a mais para chegar.
De repente, enquanto caminhava lentamente em direção a rua da minha casa, notei as pessoas passando correndo por mim, agitadas e irritadas com tudo e todos. Vazias. Elas estavam ali apenas por estar, passavam ali apenas por passar e nem sequer tinham tempo para notar as lindas flores que começam a florescer em tons suaves de lilás.
No que adianta correr tanto para chegar lá, se não se aproveitou nada pelo caminho? É realmente tão necessário fazer isso? Não podemos mesmo perder um segundo respirando fundo e sorrindo a um estranho? Não podemos olhar ao redor por um minuto apenas para apreciar as flores, a decoração bonita de uma casa antiga, as cores charmosas de um prédio antigo?
A vida é curta demais para passarmos por ela correndo, sem aproveitar nada, sem notar nada, sem deixar nada. Apesar de termos nosso próprio tempo, temos todo o tempo do mundo. A arte efêmera da vida é linda, se tiver um segundo para olha-la. 


8 de novembro de 2014

Hope

Houve, na aurora dos tempos, uma pequena garota que nasceu no meio de um reino tranquilo, numa época de paz e harmonia. Ela era doce e por muito tempo, foi feliz em seu reino, junto a seus pais e amigos.
Infelizmente, essa garota tinha um dom. Na verdade, essa garota tinha uma maldição, um poder grande demais para ser controlado e complicado demais para ser entendido. Tudo que ela tocava funcionava bem por algum tempo, mas uma hora ou outra essa coisa se quebraria de tal forma que nunca mais poderia voltar a funcionar como deveria.
E assim foi aos longos dos anos. Conforme crescia a menina ia, sem que notasse, destruindo coisas. Destruiu coisas nas quais tocou, destruiu amizades, amores e as vidas das pessoas a sua volta. Ela tentou lidar com isso da melhor forma possível, mas não importava o quanto lutasse, ela era incapaz de se manter sozinha por muito tempo. Mesmo que fosse amaldiçoada, a menina era doce e amável, tinha um coração enorme e seu maior desejo era ser feliz e fazer todos a sua volta ficarem bem.
Mesmo que quisesse negar, e sem duvidas ela queria, não podia mais ignorar o fato que sua presença feria as pessoas, que os danos eram imensamente maiores do que os ganhos. Cada vez que fazia um amigo chorar, ela se sentir pior e sabia que a solidão era o melhor caminho, por isso, a menina se isolou do mundo.
Aos poucos a pequena garota foi ficando deprimida. Tentava encontrar uma solução para sua maldição, mas nada fazia sentido, nada parecia explicar porque ela destruía tudo que tocava. Do alto da sua torra, enfiada dentro da mais densa floresta, a menina observava o mundo a sua volta e ansiava por poder ser normal. Ela desejava, mais do que qualquer coisa, ser amada e poder amar alguém sem machucar essa pessoa, mas isso nunca aconteceu.
Com o passar do tempo a menina foi perdendo as esperanças, foi se afogando dentro de seus sentimentos e, aos poucos, foi cedendo a escuridão, a dor e a solidão. Demorou, mas ela finalmente entendeu que sua existência era vazia e que estar perto dos outros só acabaria por machuca-los. Ela desistiu, depois de muito lutar, a garota se rendeu. Ela não desistiu por ser fraca, tão pouco por não amar seus amigos, mas sim porque não tinha mais condições de sofrer.

Quando o tecido de seu vestido se tornou quente pelo liquido que fluía continuamente; seu corpo se tornou gélido e ela recebeu, de braços abertos, aquilo que esperou por toda a vida... Paz.

29 de junho de 2014

Alice

E na calada da noite, ela nasceu.
Era um dia gostoso, tipico de primavera, onde o sol brilhava e uma brisa suave fazia as folhas dançarem lentamente. E no meio desse lindo dia, a mulher agonizava, com dores que lhe tiravam o juízo. Todos sabiam que a menina nasceria daquele dia e estavam ansiosos. Mas a manhã virou tarde e a tarde virou noite. E o clima gostoso foi mudando até que uma forte chuva despencou de um céu escuro e junto a um estrondoso trovão, Alice veio ao mundo, chorando a plenos pulmões, mostrando para todos em sua volta como é forte.
Alice, de bochechas rosadas e cabelos negros. Tão fria quanto a chuva que caia em seus nascimento. Alice, movida por sentimentos pouco nobres. Vingativa, destrutiva, psicótica, doce, amável, simpática... Assassina!
Alice, que nasceu no meio da desgraça e não teme nada. Alice que, desde pequena, se sentiu acolhida pela escuridão. Alice que pode ser uma fada, uma boneca, uma sucubbus ou qualquer outra coisa que ela desejar. Alice que trará a destruição a qualquer coisa que estiver em seu caminho. Alice, que não tem remorso.
Alice que une os melhores e piores traços das personalidades de seus pais. Alice que gosta de fogo e água, que sorri enquanto mente, que diz que te ama enquanto se banha em seu sangue. Alice, que foi profetizada por todos os poderosos. Alice que é confiante em cada passo, que não tem medo de cair e que sabe que aquilo que não lhe mata, lhe causa muita dor e lhe faz mais forte.
Alice, que nunca chorou e nunca se importou em estar sozinha. Alice, que encontra felicidade na tristeza, companhia na solidão, luz na escuridão. Alice, que tem cheiro de rosas vermelhas, que tem os lábios vermelhos, cujo a cor preferida é vermelho... Vermelho-sangue.
Alice, que veio ao mundo pelo desejo proibido, que veio ao mundo pela união profana de duas almas destinadas a um amor complicado demais. Alice, que é todas e nenhuma.

Alice que é a boneca perfeita. 


20 de janeiro de 2014


Eu estava tão perdida até te encontrar. Estava sozinha e sem ter a quem recorrer. Mas você chegou, você sorriu para mim e me abraçou. Em pensar que estava ali por tanto tempo e eu não fui capaz de notar, mas felizmente notei antes que fosse tarde demais e agora.. Agora eu só quero estar ao seu lado. Os dias são longos sem você, eu me preocupo o tempo todo, tenho medo que um dia você não volte, medo que um dai simplesmente se vá, tão suave e silencioso como no momento em que chegou na minha vida. Mas, você não me deixaria, não é verdade? Algo me diz que você sente o mesmo, que seu coração bate junto com o meu. Quando você me abraça, eu posso fechar os olhos e suspirar, e então eu deixo de me sentir oca. Eu adoro quando você olha dentro de minha alma e sabe o que sinto, e respeita quando eu não estou pronta para conta. Por algum motivo, tudo em você parece simples e doce, fácil de entender e fácil de aceitar. Ao mesmo tempo, você é mortalmente complexo e eu nunca vou entende-lo por inteiro, mas gosto disso, porque cada dia vou descobrir algo, cada dia vou ter mais um desculpa para te chamar para perto de mim. E eu adoro ser menor do que você, porque quando te abraço consigo ouvir seu coração... Deuses, por que eu estou dizendo tudo isso? Por que estou sentindo tudo isso? Eu não me lembrava a ultima vez que me senti assim por alguém, a ultima vez que fechei os olhos e tive uma noite tranquila. Mas eu dormi bem na noite que passei contigo, porque quando você me abraçou, o mundo era perfeito. Quando você me abraçou, nada podia me atingir. E eu agora estou quase chorando, porque eu não quero te perder, e não posso te perder. E estou sim agindo como uma criança mimada quando falo assim, afinal, estou só falando de como eu me sinto e 'eu, eu, eu'. Mas.. Se eu perder você, estarei perdendo a melhor parte de mim, e eu sei que nunca mais vou me encontrar se isso acontecer, simplesmente porque eu não quero ser feliz com qualquer outra pessoa que não seja você. Você disse que estaria comigo, que iria cuidar de mim. E eu não precisaria mais ser uma boneca vazia... E agora eu não consigo sem você.